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Albanitos

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Ares

O contato com os Albanitos se deu através do Ares, meu afilhado, que, de férias aqui, encontrou, entre os meninos da vizinhança, companheiros para brincar e jogar bola. Findas as férias, com o Ares de volta à sua cidade, seus companheiros continuaram brincando por aqui e trazendo, por sua vez, outros meninos…

Dos muitos que usam o campinho de futebol, cerca de 20 se tornaram mais íntimos, freqüentando minha casa, onde fazem uso de canetas, papel, tintas, revistas, livros, jogos, o som, a TV, o DVD e todas as ferramentas, do martelo ao computador, com as quais se divertem, aprendem, constroem brinquedos, criam arte. Usam até minhas roupas, só de farra, andando por aí fantasiados de Zé Albano, fato que inspirou o amigo e vizinho, Hélio Rola, a chamá-los “Os Albanitos”.

ALBANITO

Da esquerda pra direita, fila de trás: Paulo Emílio, Del, Shelton e Antônio

Ao longo desses anos, tenho fotografado esses meninos com sobras de filmes, às vezes vencidos, às vezes até mofados. Mas fico sempre comovido com o interesse deles em participar das fotos, sua pressa e insistência em ver os resultados. Descobri com eles o poder da fotografia na construção ou no resgate da auto-estima pois os meninos se sentem valorizados pelo auto-reconhecimento proporcionado pelo retrato: “Esse daqui sou eu!”

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Daniel

Ao oferecer-lhes suas fotos e observar suas reações, sinto-me como o colonizador português dando espelhos para os índios! Chamei essa experiência de “foto-terapia”.

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Buda e Daniel

É sabido que as crianças são o assunto mais fotografado pela imensa multidão dos usuários de câmeras. Mas que crianças? Certamente não os filhos das famílias de baixa renda como os do meu bairro para quem só resta da infância duas ou três carteirinhas plastificadas com os indefectíveis 3 x 4… À legião dos brasileiros sem terra e sem teto somam-se, a meu ver, os “sem fotos” – um vazio sem preenchimento possível nessa vida, pois, como disse Cartier Bresson: “Não podemos revelar e copiar uma lembrança”.

3 comentários

  1. Conversando sobre fotografia com uma prima, fiquei sabendo de uma monografia sobre Fotografia e Identidade. Li e fiquei fascinado sobre o assunto.


    • Que bom que você soube apreciar! Abraço, José Albano


  2. […] querem trazer seus notebooks. Os primeiros meninos vieram há mais de 20 anos e foram chamados de Albanitos por um vizinho. O nome pegou! De lá pra cá a meninada foi se renovando e o Zé tem fotografado […]



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